Velocidade.
Acordo registrando o dia lá fora em uma fotografia
Que talvez nunca saia do rolo da câmera do celular.
Que talvez eu nunca publique em uma rede social.
Que talvez eu nunca mostre para ninguém.
As minhas melhores fotografias não tiveram uso da tecnologia.
Me pergunto desde pequena:
Se nossos olhos fossem câmeras, quantos registros faríamos?
Desde pequena, também, aprendi a andar rápido,
Mas sempre tive olhos atentos e curiosos,
Tentando ver o que ninguém mais via,
Procurando na ''selva de pedra'' alguma magia.
Talvez por isso eu tropece tanto na rua,
Meu olhar nunca está onde deveria.
Eu escrevo mentalmente mais de dez textos por hora.
Crio e recrio situações que me façam sorrir.
Se você me ver por ai, eu estarei sorrindo.
Tenho sempre uma caneta no bolso
Acompanhada de um papel que talvez não caiba mais anotação alguma;
Igual ao bloco de notas do celular que anuncia: ''Capacidade excedida''
Me sinto sempre com pressa,
Sempre sem tempo para almoçar direito;
Ou para ver os amigos;
Por vezes não respondo o aplicativo de mensagens.
Não atendo nem retorno ligações.
Quase sempre mantenho o celular no modo avião.
Acho que esse é o agito da busca da calma...
Mas, quem foi que impôs toda essa velocidade?