Linhas e dedos

 

As linhas por onde andam os meus dedos, solaparam meu ritmo.

Aflito, gritei! Estou fora, cheio de conflito.

Notificações, mensagens, tutoriais, não dão conta do que é preciso.

A internet transformou-se em um instrumento do arbítrio.

 

Quantas mensagens que não me deixam parar para pensar.

Tudo que me enviam pela rede molha o meu raciocínio.

Apesar de ser inundado por tanta informação, tenho sede!

A razão parece ter se perdido.

 

O raciocínio foi proscrito, condenado a ser líquido.

Descarte, jogue fora, em instantes uma nova verdade será postada.

Viver a vida virou sinônimo de mudar de página.

 

Sinto que a alma humana não significa mais nada.

A religiosidade em nossos dias está intoxicada.

Na pós-verdade, o ser humano é uma nota que não será notificada.