Porque escrevo
Escrevo porque a vida praticada
Também precisa do literalmente
Escrevo porque não valo nada
E as palavras me fazem rei ou presidente
Escrevo porque tenho uma amada
E nas ruas canteiros, botecos e aguardentes
Escrevo porque simplesmente escrevo
Porque se simples não fosse não escreveria
Escrevo porque quero e a ninguém devo
E se devesse, com letras e pontos pagaria
Escrevo porque no céu tem estrelas que brilham
Se não brilhassem eu acendia-as em minha poesia
Escrevo porque seus lábios ainda não me beijam
Se me beijassem, de olhos fechados não escreveria
Escrevo porque as noites ainda me chegam
E logo em seguida invadem meu quintal outros dias
Escrevo e pronto
Não há contra pontos
Então, meu velho lápis aponto
E palavras monto
Nelas eu me monto
Galopo e fico tonto
Bebendo poesia e apronto
Sonetos, odes, liras, músicas, contos...
E pronto, e ponto final