Porque escrevo

Escrevo porque a vida praticada

Também precisa do literalmente

Escrevo porque não valo nada

E as palavras me fazem rei ou presidente

Escrevo porque tenho uma amada

E nas ruas canteiros, botecos e aguardentes

Escrevo porque simplesmente escrevo

Porque se simples não fosse não escreveria

Escrevo porque quero e a ninguém devo

E se devesse, com letras e pontos pagaria

Escrevo porque no céu tem estrelas que brilham

Se não brilhassem eu acendia-as em minha poesia

Escrevo porque seus lábios ainda não me beijam

Se me beijassem, de olhos fechados não escreveria

Escrevo porque as noites ainda me chegam

E logo em seguida invadem meu quintal outros dias

Escrevo e pronto

Não há contra pontos

Então, meu velho lápis aponto

E palavras monto

Nelas eu me monto

Galopo e fico tonto

Bebendo poesia e apronto

Sonetos, odes, liras, músicas, contos...

E pronto, e ponto final

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 19/11/2007
Reeditado em 20/11/2007
Código do texto: T743640