ABRIL

ABRIL

“April is the cruellest month, breeding

Lilacs out of the dead land, mixing

Memory and desire, stirring

Dull roots with spring rain” – T. S. Eliot

Abril pode ser na Europa

O mais cruel dos meses,

Germinando lilases da terra morta,

Misturando memória e desejo,

Despertando as lerdas raízes

Com as suas primeiras chuvas

E espalhando a Primavera

Pelas campinas e florestas do Continente

E pelas charnecas da velha Álbion

Brumosa e longínqua.

Aqui, nestes Campos do Jordão, porém,

Abril é o mais bondoso

E o mais doce dos meses,

Tingindo de dourado as folhas dos plátanos,

Inundando com sua luz de ouro

As montanhas e os pinheirais,

Trazendo memória e saudade,

Enchendo de melancolia a minha alma

Com seus nevoentos poentes suaves e nostálgicos

E espalhando o Outono nos cimos da Mantiqueira.

O Outono cobre o meu caminho de folhas mortas

E ilumina minha alma

Com o ouro de sua luz puríssima.

Foi-se o Verão com suas tardes cálidas

E suas chuvas torrenciais

E faltam ainda dois meses para o Inverno chegar,

Cobrindo os campos com o alvo manto de suas geadas

E levando com seus ventos frios

As últimas folhas douradas dos plátanos.

O Outono reina gloriosamente sobre a Montanha

E tudo é Outono dentro e fora da minha alma.

Abril pode ser na Europa

O mais cruel dos meses,

Mas aqui, nestes Campos do Jordão,

É ele, sem dúvida alguma,

O mais bondoso

E o mais doce dos meses.

Aqui, neste magnífico jardim

Num píncaro dos Alpes Brasileiros plantado,

Nesta encantada e mágica Montanha,

Abril tem sido para mim

O mais bondoso

E o mais doce dos meses.

Victor Emanuel Vilela Barbuy,

Campos do Jordão, 19 de abril de 2018.