passos
pendurei pedras em minha mochila
elas emitem um som quando estou caminhando em direção ao prédio
não pesam meus ombros
não tanto quanto o tédio que me cobre inteira e unicamente
arrasto os pés no chão
um rastro vermelho alaranjado
aonde quer que eu vá
uma assinatura nas ruas de tantos nomes...
pensei ter ouvido o meu...
ando observando demais
decorando olhares desconhecidos
músicas repetidas
o prédio parece mais perto agora
todas essas ruas levam a ele
não sei se posso confiar em meus ouvidos
atrás de mim há esse som
tu não o escuta
aqui só digo palavras vagas
uma tentativa de incluir alguém no meu trajeto de memórias
de fazê-lo ler meus olhos doloridos de tanto encarar o Sol de frente
deveria mostrar essa cena com clareza
mas a confusão aguarda do outro lado da calçada
a solidão está à espreita na cidade
contorna meu pescoço e desce pelas costas
toca a música das pedras penduradas na mochila
olho pra trás procurando significado
qualquer um...
não me contento com o final deste dia
poderia ser qualquer um...
só mais um...