A BREVIDADE DE UM SOPRO
Vida longa e morte rápida! — Este é apenas um cumprimento árabe, não uma benção seguida de uma maldição. Talvez enigmático, sem deixar de ser sincero e objetivo, creio que propositalmente nos induz a arte do pensar.
Pensar talvez sobre a brevidade da vida. Brevidade esta que temos aprendido a respeitar, ou pelo menos deveríamos, já que os últimos tempos têm nos apresentado o quão fugaz, efêmera e finita ela é.
O quão longa nos foge ao controle, e talvez por isso o pedido do salmista: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria. ” O quão boa, justa, intensa e tantos outros adjetivos, são as porções que nos concedem algum controle, auto responsabilidade e liberdade no agir.
Sua longevidade agradável será, se no tempo oportuno fizermos as pazes como o próprio tempo que nos cabe, exercendo governo sobre ele e remindo-o em nosso favor. Conhecido por sua implacável isonomia, desconsiderando qualquer tipo de seleção sociocultural, ele normalmente não perdoa a omissão humana.
Breve como um sono e passageira como a cerração que chega ao amanhecer e logo se dissipa - a vida é um sopro - e isso é verdade. Ou seria apenas a alusão perspicaz de um poeta para tal brevidade, ou um indicativo proposital da ação de Deus nas narinas de Adão?
Ao ouvir tal expressão - a vida é um sopro - o que te vem à mente?
Nos cabe caminhar com sabedoria na plenitude dos tempos designados para nós até, parafraseando o poeta, “até o dia que será para sempre”.