Maré Viva
Me aquieto sobre uma cama, inerte.
Ouço sussurros, pensamentos repentinos começam a me assustar.
O som da escuridão do quarto e de sua imensidão me apavoram.
Quieto! — digo para o meu cérebro.
Tento não fazer muito barulho aqui dentro, nunca se sabe quem estará me ouvindo, observando atentamente meus movimentos de abrir e fechar os olhos a cada dez segundos.
Dormir é impossível, não posso.
Tem alguém me observando? — indago.
Euforia toma conta. Os pensamentos repentinos agora tomam lugar na minha mente a cada segundo que se passa.
Vozes. É a minha ou a de outra pessoa? Não parece a minha. Vozes! Por que tanta algazarra? Por que está falando isso? O que você está falando? Qual é a relevância disso? Eu não o conheço. Isso não poderia acontecer, nunca faria tal coisa.
Não consigo aproveitar nem mesmo um único pensamento. Turbilhão.
Não me ouço. Sou eu falando em minha cabeça agora? Pense mais alto, não consigo entender!
Não entendo nada; sigo ouvindo, sigo produzindo pensamentos avulsos e incompreensíveis. Assim se segue por algumas horas.
Durmo.