TARÂNTULA
Deito-me em fundas praias negras.
Estendo-me sobre a areia
E pairo martirizada sobre o sal.
Me queima o sol das estrelas
Sinto a pele em brasa a gritar.
De cânticos antigos as sereias
E o demônio vem à noite me buscar.
Os lençóis tocam minha pele macia,
Me contorço em todos os tecidos
Até rasgá-los todos e sangrar.
Te pareço fria?
— esquente-me num só golpe.
Estou disposta a lutar.
Te pareço louca?
— dê-me sanidade
Rastejo pelas paredes totalmente sóbria
E desprovida de destino ou lugar.
Meus quinhentos olhos e meu olhar
Fixo, estagnado, sem nunca mudar.