ODISSÉIA NO REINADO PELADO

Nunca vivi um tempo em que:

Os ares fossem tão carregados...

Os caminhos tão truncados,

Os tênues sopros de vida fossem tão ceifados.

A indignidade fosse premiada,

A dor alicerçada tão endeusada!

As notícias fossem tão bem manipuladas.

Nunca vivi...

Um tempo de tendas tão esfaceladas...

De parcas plateias tão abobadas!

De sobrevivências só maquiadas.

Um cenário cada vez mais a deriva

Sem raízes sociais bem aderidas

Na terra rachada por intrigas.

Um tempo de circo repaginado,

Onde o pão é cada vez mais suado...

E os reis notoriamente só pelados.