Porta do Sofrimento

Abri a porta do sofrimento.

Aquém carrego: carregarei o meu eu que não sofre,

mas, sofro por consciência do que serei,

não o que sou... matéria orgânica de impureza(?)

Saio para fora do apartamento,

e vejo o tráfico, sua natureza cinza.

Escuto enxovalhos que se cruzam e gozam...

Me despeço da curva do quarteirão de Bela Vista, por algum motivo admiro-a...

Desvio o olhar para o meu eu, o riso mal estruturado se organiza,

sinto como o pano sujo que dança pelo salão do restaurante de Estrela.

Devoro-me de incertezas, logo, sinto-me satisfeito.

E a certeza... em que hei de dizer?

tão bem elaborada: como pode ser tão própria? Tão exclusiva?

Ah..., talvez, resumidamente a certeza é a fórmula para a insanidade,

ou qualquer motivo para loucura.

Sento no banco e descanso...

"Tantos que aqui sentaram...,

tantos que são tão limitados intelectualmente,

a ponto de ver o mundo com os olhos adultos,

sem infantilidade sequer! Sem infantilidade!

Sim... Sem o brilho cognitivo da massa encefálica vestida!

Sentes falta...? Ó, Lisboa!

Quanto tempo... Lembro, lembro do pastel de nata de...

Deixe, deixe para lá!

Não faria falta o dever de saber...

Talvez a confeitaria ensinaria melhor, como diria Álvaro!

Os cigarros acabaram, e minha vida acende provocações,

que pouco digo, penso, e escrevo sublimações aos versos,

aos sonhos de inventor! De inventor!

Desejo, o que mais desejo, senão dúvidas e fôlego para não afogar.

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 30/11/2021
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