Monólogo de uma noite sem estrelas
No eterno descompasso da vida
Vou existindo
Perdido em minhas rimas
Da mente um emaranhado de esquinas
Um labirinto de entrepostos
Onde vou experimentando de tudo um pouco
Tentando descobrir a fórmula da felicidade
Sem morrer por dentro na loucura da insanidade
Criada pelas crises de ansiedade
Ou da frieza de algumas verdades
Como somos diferentes em nossas realidades
Eu aqui viajando na matéria escrita do pensamento astral
O meu imaginário sonhado tão longe rindo de meus devaneios
Ou talvez seja só um reflexo distorcido de um mundo real
Tão difícil é encarar o outro lado do portal...
Cercado de sombras invisíveis
Caminho no além de escolhas impossíveis
Decisões contidas de momentos distintos
Alguns bons outros esquecíveis
Onde a multidão são apenas corpos vazios
Poucos ocupados de massa encefálica
Raros ainda os que me ouvem
Inexistentes os que me entendem
Talvez por serem júri de um réu já condenado
Sentenciado ao vazio da solidão
Preso pelas algemas da frustração
Não existe prisão maior do que uma mente colapsada
Que já apanhou tanto tentando realizar sonhos longínquos
Agora só se conformando com ganhos ínfimos
Resquícios de um projeto há muito perdido
Desenhos de um círculo já corrompido...
O hoje é uma gota no oceano
O ontem a maresia da praia fria
O futuro um poema enfiado numa garrafa vazia
Tudo não passando de uma figura alada
Uma metáfora no céu de uma noite cansada
Cheia de dizeres de um poeta que nunca aprendeu a viver direito
Ele apenas continua sem parar para dizer adeus ou até logo
Nunca se sabe quando é o próximo monólogo...
Tudo que sabe é que precisa escrever
O que sente
O que respira
O que lhe machuca ou faz feliz, mesmo que não consiga entender.