Inútil

Sinto pena das mulheres sem profissão

que se preocupam com a limpeza de tudo

que se procuram nos espelhos em busca de perfeição.

Sinto pena dos homens que acreditam nelas,

e se tornam mudos...

Sinto-me inútil no compasso desta festa –

não me enquadro nos risos, nos vinhos

Não me enquadro na multidão.

Nem na solidão: Não sirvo para a tristeza.

Sinto-me inútil perante esses túneis – parecem impenetráveis,

Canos que não têm mais de meio metro.

Sinto pena de mim – o medo de atravessá-los.

Sinto pena de quem os atravessa: O que verão?

Sinto pena da multidão, que caminha lenta.

Sorri seus provérbios, seus preconceitos...

Sinto medo da superstição...

O que há neste caminho? Algo fugidio,

Algo fugaz...

Pobre de mim, que sou inútil.

Sigo meu túnel, perante árvores e pedras.

Em meio às cidades cinzentas, procurando pôres-de-sol...

Inútil, talvez inútil dizer:

Ai de mim, que sou covarde e percebo meu descompasso

Ai daqueles que jamais perceberão.

Sal Maciel
Enviado por Sal Maciel em 22/11/2021
Código do texto: T7391586
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