Em mim
Venho dos meus pensamentos antigos. De eras remotas, quando nem bem sabia de mim. Venho de sorrisos sem jeito, de um sorrir desbotado - mais para agradar do que para rir. Venho dos meus sumiços, das minhas ausências, dos meus silêncios. Das minhas buscas desesperadas. Dos meus gritos sem eco. Dos meus cansaços. De minhas inconsequências. Mas venho. Arrasto o peso dos séculos e séculos. Das trilhas por onde andei, mas nem me lembro. Suspiro nos perfumes de quem amei - e me amou -, mas nem sei mais. Puxo meus trajes fugazes, feitos de vento e parcas lembranças. Vejo olhares que se curvavam aos meus - e eu queria tanto um olhar. E vim. Vim. Agora, sem lentes não enxergo os meus olhos no espelho. Mas sei que estou ali. Sinto que estou em mim.