O bilhete

E a cada som que ecoava

Ela corria em direção a janela da sala

Pensando ser ele

E no que dizia o bilhete

Quando ouvia uma voz

Se enchia de borboletas

Pensando ser ele

E nas conversas envolventes

Perdida em pensamentos irreais

Declarando poemas materiais

Sonhando com derriços virtuais

Se enganando com sentimentos banais

Queixo me da falta de teu amor

Me embrulho e enlaço sem pudor

Gostaria que fosses para ti

Como o afeiçoastes a mim

Desprendo - me de meu próprio apreço

O qual a ti atribui sem teu consentimento

Sem medo da completa e eminente rejeição

Te revelei esse sentimento

Esperei cartas, versos em bilhetes

Cortejos de cuidados, em detalhes

Imaginei palavras em poemas

E pude até sentir teu beijo

O frio na barriga se tornou desagradável

O sorriso bobo, vexaminoso

O que pensei ser demonstração de teus sentimentos

Eram apenas bons e agradáveis costumes

Agora me recordo...

Nunca houve um bilhete!