NO LEITO DERRADEIRO
Pálida noite
Que a lua alumia
Estrelas ofuscadas
Reflexo do dia
No leito derradeiro
Contemplo essa noite
Pensamentos viajam
memórias ainda hoje
Me lembro criança
Infância inocente
No colo da mãe
Me sinto imponente
Figura paterna
Com ele aprendi
A cuidar da família
Missão entendi
Deveras cresci
O colo acabou
Responsabilidades vieram
Inocente não sou
Da escola chegava
Deveres a fazer
Cheirinho do almoço
À tarde o dever
Entre o dever
Assovios escutava
Ao som da máquina
A madrinha costurava
Antes de dormir
Na cama eu ouvia
A sanfona do padrinho
Saudosa sinfonia
Ao acordar
O cheirinho de Café
Pão fresco na mesa
Família de pé
Com os padrinhos
Terços rezei
Com minha família
Em Deus me firmei
Meus avós
Doce lembrança
Se foram tão cedo
Eu ainda criança
Que doces passeios
nem tão longe ia
na roça do vovó
Ou na tia Maria
Dos primos lembranças
como irmãos eles são
brincadeiras tantas
Polícia e Ladrão
Adolescência chegou
Mais experiente eu achava
Dos meus pais independente
Pelo menos eu pensava
Quando adulto estava
Vi a coisa se inverter
Bem lá no íntimo
Criança queria ser
Nos meandros da vida
A companheira encontrei
Mulher tão digna
Como sempre sonhei
Aliança indissolúvel
Sacramenta nosso amor
Até o fim de nossas vidas
Vivendo nas alegrias e na dor
Da casa paterna
Despedi relutante
Pois agora sou eu
O pai tão lutante
Quantas lutas vieram
Lembrei de meus pais
Ensinei aos nossos filhos
Lutar sempre mais
Engraçado o tempo
Novamente passou
Sem eu nem perceber
Mais uma etapa passou
Os filhos cresceram
Caminhos diversos
Mas ambos trilharam
Os ensinamentos paternos
De meus pais lembranças
Aqui não estão
Eu aqui vivendo
Minha história então
Interessante a história
Que se passa comigo
Repetiu novamente
Com meus netos e meus filhos
Nesse leito derradeiro
As reminiscências sobrevêm
De uma vida abençoada
E muitas lutas também
Eu vou partindo
A lembrança vai ficando
O ciclo se renova
Outra geração se formando
A missão foi cumprida
A história assim o diz
No leito derradeiro
Entrego uma vida feliz
Patrick Vargas Amaral