Minha querida ansiedade

Novamente escrevo pra você

A quem dedico o meu versar cotidianamente

Mais do que a qualquer outra pessoa presente

Vivência, efêmera

O amor, líquido

E você

Que nunca me abandona

Que me acompanha nessas noites de insônia

E naquelas tardes mal vividas

Naquelas paranóias incontidas

Naquelas manhãs em que me visitas

E te convido a sentar comigo na mesa

Tomar uma xícara de café e numa quase surpresa

Te sentir no meu corpo implodindo

E toda a beleza do universo se esvaindo

Por dentre gotas de suor frio e receio

Por dentre minha carne trêmula e medo

Te carrego comigo no peito

Sinto um aperto profundo e sem jeito

Perco a fala, a coragem

Sinto meu corpo débil em desvantagem

Taquicardia, embolia gasosa, infarto no miocárdio

Ou uma das mortes subitas anunciadas na rádio

Anunciando o meu nome hoje

E eu vivo como se fosse:

~Fernanda Pereira Machado,

encontrada sozinha em seu quarto,

motivo da morte,

ansiedade e má sorte~

Medo, exaustão, insegurança

E eu continuo a dançar sua dança

Você, minha ansiedade

Me diz qual a necessidade

De dificultar todos os segundos da minha existência

De tornar minha rotina uma sofrência

De me roubar o ar numa prepotência

Sem condolência

Aceito nossa coexistência

Fer Perma
Enviado por Fer Perma em 16/10/2021
Código do texto: T7365061
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