Minha querida ansiedade
Novamente escrevo pra você
A quem dedico o meu versar cotidianamente
Mais do que a qualquer outra pessoa presente
Vivência, efêmera
O amor, líquido
E você
Que nunca me abandona
Que me acompanha nessas noites de insônia
E naquelas tardes mal vividas
Naquelas paranóias incontidas
Naquelas manhãs em que me visitas
E te convido a sentar comigo na mesa
Tomar uma xícara de café e numa quase surpresa
Te sentir no meu corpo implodindo
E toda a beleza do universo se esvaindo
Por dentre gotas de suor frio e receio
Por dentre minha carne trêmula e medo
Te carrego comigo no peito
Sinto um aperto profundo e sem jeito
Perco a fala, a coragem
Sinto meu corpo débil em desvantagem
Taquicardia, embolia gasosa, infarto no miocárdio
Ou uma das mortes subitas anunciadas na rádio
Anunciando o meu nome hoje
E eu vivo como se fosse:
~Fernanda Pereira Machado,
encontrada sozinha em seu quarto,
motivo da morte,
ansiedade e má sorte~
Medo, exaustão, insegurança
E eu continuo a dançar sua dança
Você, minha ansiedade
Me diz qual a necessidade
De dificultar todos os segundos da minha existência
De tornar minha rotina uma sofrência
De me roubar o ar numa prepotência
Sem condolência
Aceito nossa coexistência