ATRAS DE UM FRÁGIL VÉU

Quantas vezes senti minha identidade se perder,

E quem poderia assim me compreender?

Ela esvaia aos poucos quando por algo eu me negligenciava,

Quando para abraçar os sonhos de outrem eu me abandonava,

E em frente ao espelho eu me olhava e pensava...

Mas outras vezes eu senti a certeza e não hesitava,

Então buscava somente um pouco mais de mim,

Mesmo quando não estamos perdidos, parece uma procura sem fim,

E mesmo quando o peito calmamente respirava,

Eu, em frente ao espelho, me olhava e pensava...

Quem sou eu?

Um eu cognoscente e outro cognoscível,

Um eu observador e outro observável,

Oscilando entre o vulnerável o intransponível,

Enquanto o mundo muda, a pergunta se mantem...

Quem sou eu?

Quando preciso decidir... Quem sou eu?

Quando preciso retroagir... Quem sou eu?

Quando preciso me reinventar... Quem sou eu?

No fim, resposta há? Talvez, vários “eu” atrás de um frágil véu.

Eu sou a mutação, a metamorfose,

Eu sou a correnteza de um rio que pode refrescar,

Eu sou o fogo que consome sem parar,

Eu sou o palpável, mas as vezes somente o que se pode imaginar,

Quem sou eu? O que às vezes tem fome e outras o que pode saciar.