Estátua de Anjo
Em sonho lúcido,
A estátua de anjo assisti,
Num dia rústico,
Ambos estavam ali.
Nas areias, me sentei,
Nas costas praieiras,
Observei,
Asas abertas, mãos rasteiras.
Anelar e indicador,
Ambos reunidos,
Braço ao alto com fervor,
Limitados, sentidos.
Buscavam tocar o céu,
Mas nele não chegava,
Tentava tirar o véu,
Mas eu não acordava.
Ele morrera?
Buscando objetivar,
Eu cedera?
Tentando alcançar.
Ao alto, sob a colina,
Ambos parados,
Numa névoa fina,
Físico e alma acorrentados.
Suas roupas,
Mexiam elas,
Expressões, poucas,
Ou elas se mexiam?
A outra mão,
Recatava cotovelo a cintura,
Levemente contramão,
Para frente, com ternura.
Olhos acima do horizonte,
Abaixo aos céus,
Perante a água em ponte,
Julgando os réus.
Queixo levantado,
Mostrando superioridade,
Esnobado,
Julgando covarde.
A voz, silenciada,
Atitudes tagarelas,
Pela boca marmorizada,
Cinza em aquarelas.
Eu o olhava,
Ele olhava a mim,
Quem era a estátua?
Quem era o Querubim?
Eu de nome,
Ele de propósito,
Não sinto fome,
Filho pródigo.
Esse sonho, me atormenta,
Pois me mostra estar parado,
Trovão em tormenta,
Estou vivo e enraizado.
Quem move é o mundo, não eu,
Quem move meu mundo, sou eu,
Quem morre no mundo, não disse adeus,
Aquele que comove os seus.
Sou de carne e osso,
Mas estou parado, perece,
Tudo aquilo posso,
Naquele que me julga inerte.
O único voto de Minerva,
Da estátua e do ser,
Que ele é feito para eternamente ver,
Eu andar, ir embora,
E sofrer.
Invejo,
Tudo que vai ver,
Pois é eterno,
E eu vou quero morrer.