Voei

VOEI

Foi mesmo um grande absurdo,

Aquele barulho surdo,

Do grito de um homem mudo,

Que pode entender o tudo.

Não sabia o que fazer,

Nem mesmo, sequer, podia,

Num dia, ao entardecer,

Diante do que eu via.

Era um sol que se escondia,

Estrela que despontava,

A lua que aparecia,

Num céu que pouco azulava.

Na mente passavam versos,

No peito mil sentimentos,

Os temas os mais diversos,

Da vida, todos os momentos.

O coração já cansado,

Por tanto amor, judiado,

Dentro do peito guardado,

Resolveu ficar parado.

Não consegui me mexer,

Não consegui entender,

Não consegui perceber,

Não consegui nem sofrer.

Mas o que pude sentir,

Foi o repente do fim.

Se, agora ia partir,

Ia sem pena de mim.

Mas o que vi na janela,

Foi só um pardal voando,

Atrás de quem, simplesmente,

Minh’alma foi flutuando.

Depois da longa jornada,

Com muitos frutos colhidos,

Levaria pouco ou nada,

Pro mundo dos esquecidos.