HUMANOS DEVANEIOS 
Juliana Valis




Montanhas de incerteza alimentam seus passos,

Rumo ao sonho que invade cada verso inseguro,

E, assim, tão disperso em vitórias, fracassos,

Que o universo se perde entre o passado e o futuro...




Vales de dúvida em nevoeiros de amor

Fazem de nós, criaturas tão instáveis, aflitas,

Que as breves figuras de céu e de dor

Tornam-se leves, escuras, nas dores mais inauditas...




Seremos sempre sombras de sonhos sós ?

Quando haverá em nós a vastidão de tudo,

Como um mar profícuo do verso mais veloz ?





Pois quando houver amor além do infinito,

Bem ou mal, no verso como grito mudo,

Todo universo atroz, no sonho mais aflito,

Transformar-se-á no êxtase da paz, escudo

Que a própria alma terá, no maior conflito

Entre coração e mente, entre nada e tudo...

 

 

Indelevelmente, enfim, na estrada de intempéries sós,

Quando nós pudermos transcender a carne,

No dia mais intrépido, no verso mais veloz,

Disperso ardor de um tempo como próprio alarme,

Velejará a alma, além da dor, em nós,

Como terno mar que o próprio amor desarme ! 



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