#79- A mim, o cotidiano.
Acordo um pouco antes do despertador,
É costume, lavo o rosto e me sento na privada,
Sentado ali, lembro nas juras que fiz de amor,
Após deixar todas elas ali, limpo o traseiro e dou descarga.
A efetividade da paixão,
É a morte do desejo, penso nessas besteiras, me pego sonhando.
Enquanto olho pro chão.
Após excretar cada jura que te fiz, tomo um banho.
O cheiro fétido de minhas promessas está impregnado nas paredes,
Enquanto eu jogo cloro para tirar o cheiro da merda que despejei,
Água escorre pelo meu rosto, queria que fossem lágrimas,
Mas é só água do chuveiro.
Em meio aos condenados que dividem o trasporte comigo,
Eu me ponho a ler, logo me lembro: "-Puta merda! Se ferrou, moço."
Quanta desatenção, meu amigo.
Você esqueceu o almoço.
Sentirei sua falta? Não sei...
Sim, me resta comer em um restaurante.
Me lembro do que eu havia dito pra mim,
Tem muito lugar para se alimentar, não se espante.
Bom, chegou a noite, algo parece incomodar aqui dentro,
Sei o que é! É a fome, nada além disso.
Eu sento, corto tudo que posso, em relento, preparo meu alimento.
Sofrimento, vejo na Tv. Está tarde, devo dormir.