OLHA SÓ VOCÊ...
Olha só você...
Quantas cicatrizes, noites acordadas e notas de deslizes,
Olha só você...
E na pele esses antigos caminhos por onde o sangue se debruçou,
E doeu, e correu, e amou...
E perdeu, e insistiu, e ganhou.
Olha só você...
O sorriso e as marcas,
O olhar de quem já teve que remover as farpas,
E o caminho não encontrara em mapas,
Olha só você...
Quantos vendavais tentaram apagar essa frágil chama,
É nos momentos mais duros que a alma clama,
E no silêncio ela inflama e te afoga na cama,
Mas olha só você...
Ainda respira!
Quantas vezes lhe faltou o ar, mas hoje suspira,
E essa calma no olhar revela que antes habitou a ira,
Olha só você...
Refletido no espelho seu coração vermelho,
Que presenciou chamas que partiram de um centelho,
E se tivesse para si mesmo, qual seria o conselho?
Mudaria todas as histórias, desconstruiria e construiria outros muros
Ou reviveria cada momento, cada instante, cada segundo?
Olha só você...
Ainda está aqui!
Resistindo ao destino,
Se deleitando e aceitando o figurino,
Mesmo que ainda tenha que tropeçar,
Até o sentido de tudo encontrar,
Ou quem sabe nem tudo poderá entender,
Mas em frente ao espelho será sempre você,
Suas escolhas, erros e acertos, todos a te confrontar,
Então olhe só você, você pode se amar?
Então se ame primeiro, para que esse amor possa transbordar,
E assim, todos irão notar uma flor que já fora açoitada pela vida,
Mas que jamais deixou de seu perfume exalar,
Então, para terminar, o que você consegue ver agora?
Olhe só você...