Felicidade Migratória
Felicidade Migratória
Quando o outono se for, trazendo o inverno
Sei que vais da minha vida, andorinha
Fazendo-a estação fria, triste, sozinha
Levando a alegria do seu canto terno
Quando você chegou trazendo calor
Cantando alegrias ao meu coração
Eu me entreguei a ti, refém da emoção
Sem pensar em futuro, partida e dor
E você tomou conta do meu jardim
Voejou, pousou, cantou em meu telhado
Eu me senti querido, me senti amado
Ingênuo à perspectiva do fim
Embevecido pela sua companhia
Não pensei no tempo e sua fugacidade
Que transforma efêmera a felicidade
E permite todo bem partir um dia
E então, sem que eu visse, foi-se o verão
Foi-se também o outono e você migrou
Deixando triste o jardim onde cantou
E eu deitado na grama, jogado ao chão
Mas quando chegar de novo a primavera
Vou plantar novos canteiros, novas flores
Na esperança de surgir novos amores
Que até o verão me tirem a dor da espera
Divino de Paula