Estranho
Sou estranho,
pois me estranho,
disfarço o disfarce contínuo,
de gente que nem a gente que se cruza,
e desconhece ao sorrir para o desprazer sorridente.
Me vejo no espelho, e desconheço,
até a loucura tocar campainha,
até a sanidade duvidosa contida na beira.
Sou eu! Quem sou eu? Quem?
Repelente do finito que carregas.
Por que acaricia o ser indefinido?
O fardo decomposto aos ombros que pesas ainda mais,
que sentes ainda mais a resposta que sempre soube.
Recomponho-me, preocupo-me,
a caligrafia debochada ao mentar,
meus sentires, do que sinto afinal?
Do que tanto vim a ser,
do tanto que mudei apesar de sempre mudar.
Poupei o que destruí por natureza,
no gozo da dor que devora.