Estranho

Sou estranho,

pois me estranho,

disfarço o disfarce contínuo,

de gente que nem a gente que se cruza,

e desconhece ao sorrir para o desprazer sorridente. 

Me vejo no espelho, e desconheço,

até a loucura tocar campainha,

até a sanidade duvidosa contida na beira. 

Sou eu! Quem sou eu? Quem?

Repelente do finito que carregas. 

Por que acaricia o ser indefinido?

O fardo decomposto aos ombros que pesas ainda mais,

que sentes ainda mais a resposta que sempre soube.

Recomponho-me, preocupo-me,

a caligrafia debochada ao mentar,

meus sentires, do que sinto afinal? 

Do que tanto vim a ser,

do tanto que mudei apesar de sempre mudar.

Poupei o que destruí por natureza,

no gozo da dor que devora. 

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 03/07/2021
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