Vestir

Procrastino o quanto for possível.

Serei humildemente desprezível.

Sou um alvo de olhares tortos diante curvados seres,

um mal necessário na vida de tão pouca vida,

de muitos que mal sabem viver o pouco,

de tão pouco que escorre entre os dedos imundos,

e cai onde se destina: cova além da cova,

da paciência poética lugubre do mesmo mundo,

sendo o seu mundo a prioridade do seu ser,

da sua risada sobre minha falha na oratória,

diante de mim, e todos, és divino por natureza,

que sempre propaga o belo, no meio mais belo,

nunca o idiota no meio mais idiota, 

e toma conta de ter como meta ser normal,

sendo o sucesso entre os tolos de mais boa idade.

Sou inútil, logo me vestirei,

e não irei compor temporárias,

para seres tão temporários, de mentes atemporais.

Descarto cartas a quem de cartas se lamenta muito,

apago, recomponho-me, penso "do que falta a tragédia?";

no mais profundo pensamento social misericordioso,

da mais mais geniosa cabeça que pouco fala,

não descarto possibilidades do caos sóbrio,

puramente vivido por repugnantes.

Por mais indecentes vestes!

Do que vestes afinal?

Senão visto o que não quero vestir(?)

O que puderes no mais sincero apego,

do mais carinhoso ódio por si só,

por mais você e menos vestes aleatórias,

de sutis sombras mergulhadas no tanto faz,

para você que também tanto faz,

no que poderia tecer. 

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 31/05/2021
Reeditado em 03/06/2021
Código do texto: T7268570
Classificação de conteúdo: seguro