A CANÇÃO DO POETA

Rogério S. Malta

27/07/2020

Uma canção em explosão criativa se manifesta!

Universo em baile de energia que se espraia em expansão,

no órgão afinado de um Criador embevecido por ideias

infinitas de diversidade, criatividade e... emoção!

Capto uma lasca ínfima dessa criatividade em meu devaneio

um rodopiar de ideias em profusão desvairada.

Me fazem mergulhar dentro da mente perceptiva

a ouvir a canção dos sentimentos vários e múltiplos,

trazendo odes de sonatas de delírio, devaneio e... ilusão.

Poeta que ouve o tempo, escuta as dores angustiantes,

percebe os sonetos de inspiração criativa e divina,

música das esferas em menor grau, mas tão importante quanto

a canção maior das notas infindas da criação!

A música da Terra, das plantas, dos animais e dos minerais.

A música das águas oceânicas farfalhando nas ondas

cada uma delas sempre diferente na forma e no som

que não repetem uma única nota nessa existência do bilhão!

A música em trovoada do vulcão,

ascendendo uma fogueira primordial, destrutiva e terrificante

na natureza da sua explosão!

Assim criando, condições de vida para ainda mais música criativa nas enseadas diversas ao redor do orbe que rodopia incólume

por um cosmos sempre em aparente e silenciosa expansão!

Nas canções de amor do poeta está manifesta

a preciosa expressão de sentimentos de alegria extática,

ao declamar o amor de duas pessoas enamoradas

e apaixonadas em seus atos, gestos e atitudes,

de carinho, sexo, luxúria e libertação!

No ruído da flor que desabrocha, o poeta capta o som!

No nascer do sol ou no seu se pôr, o poeta ouve a sinfonia!

Na lua minguante ou nascente e, ainda mais na cheia,

o poeta capta o brilho lascivo do Sol refletido na areia!

Esse satélite , que de tão apaixonado,

mostra sempre a mesma face para tua irmã Terra,

numa fixação celeste entre esses dois amantes,

cantados em sonetos de amor ou de pesar ,de alegria ou tristeza, de desesperança ou de felicidade, de maldições e de bênçãos, dançam ao redor um do outro, num bailado em êxtase infindo

na canção das esferas do Universo que canta!

O poeta ouve!

De início, não entende!

Mas digita ou põe no papel um soneto,

soletrando nas páginas das janelas da tela de elétrons,

partículas essas que dançam ao redor umas das outras,

devido à música atômica orquestrada pelo maestro quântico,

invisível, mas presente nos efeitos que sua orquestra subatômica

causa na ordem das partículas, interagindo na canção do quantum!

O poeta sabe!

Conhece as nuances do orvalho que evapora nos primeiros raios do Sol da manhã,

No rolar dos enamorados apaixonados pela grama ainda húmida e cheia de orvalho,

Na criança que pula do galho com fruta escorrendo pelas mãos cheias de suculência,

na mãe em lágrimas enternecidas que pingam no rosto do recém nascido,

nas formigas diligentes que roubam restos do piquenique romântico,

e na chegada do verão escaldante de alegria nas férias dos amantes!

O poeta ouve, e recita!

Em cada folha de árvore uma canção exala seu aroma.

Em cada pétala da flor a orquestra de tons de perfume

se espraiando nas sensações de alento da Natureza cantante!

Do pássaro que trina, voando;

da tartaruga que põe ovos arfando,

nas folhas mortas que caem da árvore bailando,

antevendo a aproximação da canção do inverno... se iniciando!

No soneto das cigarras que dominam tudo e se vão tão rápido

quanto no começo de sua característica orquestra do sexo,

o poeta recita o acasalamento triste e rápido que, na morte,

traz a redenção !

O poeta dança, em meio à sexual e vibrante celebração!

Sente o som do cheiro do bebê que atrai o carinho da canção!

Música de ninar, do ninho de amor e oração!

Da zebra que corre evitando virar comida do leão,

do deserto que cospe areia sobre os oceanos em circulação,

fertilizando suas águas com nutrientes de vida em profusão!

OH! Poeta que dança no recitar do Universo,

elaborando ideias da canção cósmica em verso!

Da vida humana com todos seus anexos;

da natureza esfuziante em criatividade sem nexo;

do magma quente que brota da terra em excesso!

Da rima que surge em profusão molhando o lenço

da senhorinha que recita emocionada o soneto imerso

na eloquência do recitador, vibrando de emoção pelo verso!

Trazes os odes de melodias infindas e variadas

alegrando as almas sofredoras, carentes e mal amadas,

resultando em alento de amores, decepções e recordações

da mulher que sonha com a volta do amado perdido,

que a abandonaste ao léu no futuro das lamentações!

Oh! Poeta que tudo recita!

Canta em voz alta nos brados da pátria que sofre,

relembrando aos homens e mulheres vários,

a beleza do recitar infindo do alento, da emoção e da vida;

ele redige em profusão as ideias que vibram em cada estrofe!

Assim, oh poeta!

Redige seu amor nas águas cálidas da paixão;

recita seu pesar no silêncio da oração;

norteie tuas ideias no alento da emoção;

acalente nas letras o que não podes expressar com o coração!

Mas... ah!... não pares de orquestrar teu amor expresso no poetizar eloquente, inóspito e infindável da sua canção!