PELO CAMINHO (Anjos sem asas)
Olhei para o céu e não vi nada,
Mas pelo caminho e a beira da estrada, éramos todos anjos sem asas,
Sem poder voar, mantínhamos os pensamentos nas alturas,
Mas os pés pisavam em terra ressequida e dura,
Suspensos entre esses mundos,
Mantendo o coração mudo.
Eles se questionavam sobre como guardar a paz da esperança,
Quando o tempo de guerra vier afastar a brisa de paz e a bonança.
Sem poder voar tropeçavam em si mesmos,
Nos momentos em que seguiam a esmo,
Suspensos entre seus mundos,
Mantendo o coração moribundo.
Como ser a direção daquele que perdido está,
Quando sequer conhecemos o caminho,
Anjos sem asas são como flechas sem alvo,
Seres que sem compaixão se tornam apenas algo,
Suspenso entre seus mundos,
Mantendo o coração moribundo.
A cada nascer do sol não sabemos se amanhã tornaremos a nos queimar,
E a ciência nos diz o que está adiante do horizonte do mar,
Mas os desígnios da alma quem saberá?
O que a humanidade pode suportar quando os vendavais passam a açoitar,
E nos abandona suspensos entre seus mundos,
Mantendo o coração moribundo.
Angústia, ilusão, desgosto e tristeza,
São elementos de uma dura certeza,
Mas equilibrar a amargura com o lado da beleza é uma destreza,
Para quem aceita as coisas que não podemos evitar,
Pois negar isso nos torna suspensos entre esses mundos,
E o coração moribundo manter-se-á.
Antes de alçar um novo voo, precisamos suportar,
Todas as mazelas que a vida pode revelar,
Pois uma asa não pode bater se o coração valente não pulsar,
Mesmo que falta fé em si mesmo, temos que perseverar,
Quem sabe anjos sem asas, com as mãos dadas possam voar,
E o coração que até então seguia moribundo, se atreva em alegrar, acreditar e continuar.