Nascemos assim...
Nascemos assim!...
Nascemos...
Ah...muitos até em desespero,
sofrendo crises de infância
por fatos reais ou apenas circunstâncias,
mas cuidados ou não com esmero;
o importante é que nascemos.
Pudemos...
chorar, quando a vida nos fazia dor,
quando o presente nos causava medo
e quando o futuro nos pedia: espera...
ah... quanta tristeza nos vinha cedo,
quantas vezes faltava o amor!
Tivemos...
que buscar onde não tinha nada
e onde a pressa nos mostrou o trabalho
que fazia parte do "ter" para "ser" alguém.
Mas achamos ofensa para uma mão cansada
e onde descia, do “chicote", um estalo;
ah...e tudo pago num único "vintém"
Queremos...
não nascer de novo!...
pois isto apaga o fato
da luta já ser bem pesada
e as feridas de cortes no fundo da alma
que, por decência, apenas brigou de fato
para trazer, do direito, reconhecimento
e de tudo que lutou, a vitória buscada.
Esperamos...
algo novo em Deus, que tudo vê e sente,
vivendo a dor, tirando as farpas,
anexando esperança que até se gasta por nós
e trazendo, de memória, num ousado pensamento
a constante procura, de tantos anos e momentos
de viver, de sonhar, ah... um trabalho decente.
É, somos humanos... nascemos assim!...
De Paulo Ramos
(Publicada na Antologia Poética "TRABALHO DECENTE" - 1° Concurso Literário da Cut/SP, 2013, pg.79 - Jossimar de Paulo Ramos)