A Vontade que Pouco Disseste
Não tem uma alma mal amada que não tenho amado, senão despercebido
Um pêndulo sequer da vontade do contrapondo: eu e àquele que vê
A vontade que pouco disseste do desejo e da fome engolida
Dos seios notáveis amamentando o sonho semeado por Gaia
O beijo além do mais, entre outros frutos deliciosos
De uma rica semente, que move a consciência
A virtude, o virginal d'um pouco momento
Que informa a matéria improvável do respirar
Que faça a matéria improvável de respirar
Para a dor daquele que vive façanha desértica de pouco mentar
Do palmilhar em íngremes pedregosos tangentes à Júlio Verne
Procurando sombra para o pouco sossego ao outro lado da rua
Que pouco passa gente, e de gente pouco sou eu
De tanta sede remete o meu ontem, mesmo sendo o meu hoje, sem o meu amanhã
Sem a pouca memória ao falecer
Deixando tanto desleixo no meu mais debochado momento
No mais hermético verso de uma bossa velha
No peito que pouco bate, num disco que pouco gira
E ainda há quem diga "A vontade que pouco disseste!".