A Vontade que Pouco Disseste

Não tem uma alma mal amada que não tenho amado, senão despercebido

Um pêndulo sequer da vontade do contrapondo: eu e àquele que vê

A vontade que pouco disseste do desejo e da fome engolida

Dos seios notáveis amamentando o sonho semeado por Gaia

O beijo além do mais, entre outros frutos deliciosos

De uma rica semente, que move a consciência

A virtude, o virginal d'um pouco momento

Que informa a matéria improvável do respirar 

Que faça a matéria improvável de respirar

Para a dor daquele que vive façanha desértica de pouco mentar

Do palmilhar em íngremes pedregosos tangentes à Júlio Verne 

Procurando sombra para o pouco sossego ao outro lado da rua

Que pouco passa gente, e de gente pouco sou eu

De tanta sede remete o meu ontem, mesmo sendo o meu hoje, sem o meu amanhã

Sem a pouca memória ao falecer 

Deixando tanto desleixo no meu mais debochado momento

No mais hermético verso de uma bossa velha 

No peito que pouco bate, num disco que pouco gira

E ainda há quem diga "A vontade que pouco disseste!".

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 25/04/2021
Reeditado em 25/04/2021
Código do texto: T7241157
Classificação de conteúdo: seguro