UM CORPO, DOIS SERES
Sou homem de alma duplicada
dividido por dentro
por um, a carne é controlada
pelo outro, o sentimento
Sou ser que vive uma dualidade
a parte que comanda, me mantém em liberdade
é dona da razão e sanidade
a primeira, a que existe na realidade
A parte que sente, me coloca numa prisão
ela cria sonhos e me mergulha em tal imensidão
traça planos e guia meu coração
mas rouba a vitalidade pra manter tal ilusão
A parte que existe, inveja a temporária
pois ela tem tudo, que a real almeja
a parte que existe, anseia a imaginaria
pois ela tem paixão por tudo que deseja
O real apenas vaga
lida com os problemas e existe
a imaginária é vagaba
mas vive, persiste
O real escreve seu destino
mas é quase tudo que abomino
O ilusório é escravo de seu vício
um insano trancafiado num hospício
Queria que a real tivesse os olhos da imaginária
ou que a imaginaria não me transformasse em prisioneiro
queria não ter uma alma binária, queria ter alma unitária
é ruim ser metade dentro de um corpo inteiro
Meu karma é a busca de uma interna união
pra poder aproveitar uma vida de prazeres
enquanto isso, carrego esse fardo da mente e do coração
tenho um corpo, sou dois seres