COVARDIA PLATÔNICA
Da janela, vi seu reflexo, seus olhos de céus
Num flerte que poderia ter sido e que não foi
Não degustei sua relva, sua seiva, seu mel
Fiquei na contemplação idiota de boi
No ônibus, outra vez vi seu espelho
Refletias entrega, talvezes, mudanças
Mas preferi minhas flores vazias, sem centelhas
Preferi ruminar meus traumas e medos de criança
No lago de minh’alma sua imagem me espera
Mas continuo covarde, numa guerra só de mim
Sou soldado humilhado em rude treva
Esperando que a vida passe e eu veja o fim
Vivo pra um futuro muito além do futuro
Onde eu me esconda numa perfeição no quarto escuro...