SUSPEIÇÃO POÉTICA
Suspeito dum verso negligente ,
que não se declamou pela vida.
Duma rima negada a propósito
de suspeitáveis propósitos.
Suspeita suspeição poética!
Sepultaram a ética.
Essa que urgente soa seus versos em vão
a permear os vácuos vãos das horas jogadas fora...
Suspeito que falta todo o ar
que alimenta a vida a selar as idas anóxicas.
Suspeito também, mas só em versos trôpegos...
de toda flor que rompeu atemporal
sem cumprir seu tempo de direito
ao destino de florar.
Suspeição de arrepiar.
A da velhacaria sobre um solo
em meio à terra prometida por ninguém.
Suspeição sim...
De que gritos da bondade ecoam só ruídos
Onde toda razão perdeu a lógica de existir.
Suspeito da voz que brada alto
no alto do seu poder
de nada mais se poder fazer.
Poesia em suspeição...
de que do martelo dos veredictos ocultos
saem as mãos que acariciam toda
a perene suspeição de justiça injusta.
A poesia, sempre irreverente
nunca é suspeição em verso
mesmo em meio ao bradar dos anversos
Dum todo pandêmico de descaso nunca suspeitável.
Toda suspeição infundada
Morre na malha suspeita de construção programada.
Suspeição poética de que toda corrupção
é o leito da desconstrução de todo poema que agoniza,
texto em epítáfio numa terra castigada
onde tombam corpos mortos de ilícitos
vítimas das fomes de toda forma de vida .
Insuspeitável suspeição poética,
que na patética encenação do tempo
Segue acreditando ser possível.
A despeito de toda ética promulgada
No veredicto insuspeitável
Em urgente sessão de suspeição.
Cessa o Direito à vida
onde até a poesia resfolega.
A Terra silencia em verso de suspeito silêncio
rendida às mãos dos poderes que brincam de não suspeitar...
de que todo esforço pelas vidas
morre a debalde, sob a batuta dos Homens insuspeitáveis...