O Sol Nunca Deixou de Brilhar
Acordei triste.
(No presunçoso conceito cultural da época,
uma afirmação como esta requer coragem, humildade,
transparência e sinceridade, o que fazer?)
Acordei triste, é o fato.
Quem nunca cometeu este pecado?
Atire a primeira pedra tal privilegiado!
Não sou triste.
Acordei triste.
Fui até a janela, estava chovendo. Observei.
Aparentemente a natureza também estava triste,
mas, não! Com mais atenção,observei!
Percebi que as árvores se aconchegavam nos braços da chuva,
recebendo-a com ternura e carinho.
E a chuva parecia ninar as árvores.
Era-me possível ouvir, com os ouvidos da sensibilidade, a declaração
de amor que as árvores fazia à chuva.
Um momento tocante.
A terra? Sugava as águas da chuva com avidez.
Como um sedento, abria suas entranhas para absorver
as torrentes, se fortalecendo, fecundando-se para dar vida à semeadura.
Silentemente agradecia tão graciosa dádiva do Criador.
As nuvens? Cinzentas, baixas, e por motivos que a natureza responde, chorava
sobre a terra.
Pensei: Você, nuvem, não deixa de estar pesada.
Ia voltar deste momento de aprendizado quando algo me chamou atenção:O sol encontrou uma brecha entre as nuvens e me dava um bom-dia!
Após responder o cumprimento do sol, argumentei: Você está aí!
Ele me disse: Eu sempre estive aqui, apesar das chuvas da vida.
Neste momento choveu nos meus olhos.
A tristeza se foi.
O sol venceu as nuvens e brilhou intensamente.
Meu ânimo mudou.
E a vida continuou.
Lição assimilada: Não importa as chuvas, as torrentes,
as tempestades, as intempéries,os vendavais da vida e as nuvens carregadas, negras, baixas e amedrontadoras acima de tudo isso há
um sol que nunca deixou de brilhar