“Nas Cinzas”
“...No país do carnaval, seguimos mascarados, cheios de máculas, mágoas e mortes.
Entregues a própria sorte.
Sem carnaval, sem carne, sem gás de cozinha, sem passista ou mestre-sala.
Assistimos da sala a mídia corporativa ditar as regras do mercado branco, espetacularizando o genocídio do povo negro e um BBB repletos de militantes da causa branca.
Promovendo o espetáculo que o andar de cima quer ver e usai como discurso de racismo reverso.
Sem guitarras baianas, sem encontros ou desencontros, de trios, quartetos, quintetos, numa eterna quarta de cinza, onde ao invés de latinhas os excluídos contabilizam mortos, com cores e classe bem definidos.
E no país do carnaval, bananas, bananas, distribuídas, encaixotadas, sentadas diante da tela.
Benguela bocas clamam pela tal picanha que a nossa dita esquerda, diz que em tempos áureos era o prato do dia.
Notícia velha, sempre requentada.
E seguimos sem rumo, sem liderança, sem esperança.
Neste desfile de horrores e tenebrosas transações...”
(“Nas Cinzas”, by Carlos Ventura)