FALTA DE ESPERANÇA
O que faço sem prazer e sem sentido?
O que quero está longe. O que posso é pouco
Sou anônimo, sem dinheiro, fama, apelido
Sou D. Quixote dando murro em ponta de louça, louco
Não tenho nem um Sancho a espreita de vantagem
Sou um Dorian deformando minha alma vaidosa
Calando-me com medo, sou um coelho sem coragem
Minha poesia de tão fraca fez-se prosa
Como vencer o mundo, Jesus, sem talento ou santidade?
Meu tempo voou pela janela em busca de outro ninho
E eu preciso de aplauso como ator na maturidade
Mas só acho pássaros famintos, pedras e espinhos
A política é incapaz. Eu e a bondade, incapazes
Meu sono é um abismo de inimigos atrozes!