No borrão da noite clara

No borrão da noite clara

Na borra de café, não-bebido

Na borda desemoldurada do quadro não-pintado

No Quincas Borba e “ao vencedor, as batatas!”

Sabe... Por mais tempo, por mais tempo

Soubesse eu que a estes pobrezinhos, fumegantes

Completos e tardios, como cão sem dono

Vadeando porque não há o oposto disto

Não há amedronta que o fizessem sórdidos

Como quem nasceu para isto que se chama mundo

Tantos retratos de sombras desguarnecidas por humanos

Vaidosos cadáveres em movimento

Na cadeia sedimentar do exausto mentar

Da tão assombrosa vertigem do tão sonhado

Meus bens tão imorais de maldade

Como a xícara nova que ainda não bebi chá

Meus pêsames leves

Minha ferida mal curada

A ardência de um sol inundado

Não serei a quem adentra aos pesadelos para despertar em outros.

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 26/01/2021
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