CARTA DE UM SURDO-MUDO-CEGO

Quero a carícia dos dedos, perfume das flores

Massagem dos corpos, tecidos de amores

Quero a brisa da manhã, o toque dos ventos

As comidas mais gostosas que digerem os lamentos

Quero colchões macios, analgésicos para dor

O caminho e a paciência de quem tem amor

Quero o perdão por existir e ser estorvo

Longe de mim o nunca mais do sombrio corvo

Quero ser uma planta boa com amigos leais

Se adoecer, deem-me os remédios triviais

Mas não me deixem, por favor, dores sofrer

Pois trago todos os sentimentos guardados no meio ser

Estou num labirinto só a espera de uma porta

Que Deus abra. Pois, na vida, só a solidariedade me importa

Quem me dá banho e me troca, quem me acaricia

Este presente paga todo meu silêncio em agonia...

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 20/01/2021
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