Fim
Carrego dentro de mim um fim
Não há símile para esse fim
Encerrado em si mesmo
Espeta-me,
Como agulha descansada,
Minha inquieta garganta
Desse meu emudecido coração
Engolir diariamente o meu fim
Faz-me salivar o pensamento
Cuspir meus sentimentos
Pela boca ressecada de minha consciência
O tonitruar do silêncio
Incomoda o incomodismo
Vôo por sobre abismo
Do fim
Esse é o meu querer
O fim não me esquece
Nem se enrubesce
Quando à alma despida
Mostra-lhe a fronte
O começo de um existir
A isso não me escondo de mim
Não há nem ao menos um
Por que...
Sendo o que sou
Sou apenas um fim