VENDAVAL DE PALAVRAS
Me senti flutuando em um vendaval de palavras que se formavam no cerne da alma,
Onde todas as pontes da lógica queimavam como as bruxas da inquisição,
O cérebro se sentia incapacitado de levar até a boca os devaneios de sua conclusão,
E os olhos abertos ainda na cama, tentava clarear os pensamentos que afogavam na lama.
Assistindo a mim mesmo, não percebia o motivo da correnteza que levava a massa,
Eles arremessavam ouro em chorume e da razão abdicavam o voo e cortavam as asas,
E o que poderia ser dito para despertar tamanha ilusão,
Quando já haviam decidido carregar o mais torpe veneno no coração...
Me senti flutuando em um carnaval de frustração,
E das minhas mãos fugiam qualquer teoria ou solução,
Pois não bastava apenas que uma voz fosse ouvida, o problema era compreensão,
A massa ignorava a possibilidade de qualquer empatia, sem qualquer consideração.
No auge da escuridão, algumas luzes espalhadas revelavam um caminho de penumbra,
Mas a maioria ainda queria se perder do que por ali passar,
E o pior de tudo é que essas luzes ainda não podiam se abraçar,
Por causa de uma consciência que seguia rumo ao respeitar para quiçá no futuro levantar.
Me senti flutuando em um vendaval de palavras e nada falei,
E luta à procura da resposta continuei,
E de todos os tesouros que poderia levar, a esperança guardei,
De que um dia em minha terra, o bom senso, o respeito e o amor serão a maior lei.