Ano que não existiu
Sensibilidade, serenidade. Compreensão do tempo. Os cabelos brancos, o olhar sereno, o medo da morte. A velhice persistente. Um ano inexiste. Deveríamos cobrar de Deus a devolução do nosso ano de vida.
Vivemos? Sonhamos? Rimos? Amamos? Traímos? Se iludimos? Esqueçamos, finjamos que não existiu que tudo não passou de um delírio coletivo.
Aquele familiar não partiu levado pela doença. Aquela pessoa que o seu coração palpitou não estava ali. Tudo era um sonho. 2020 ele foi um erro de percursos. Voltemos a 2019, voltemos ao começo de tudo, quando o homem misturou animal selvagem com degustação. Quando o ser humano inventou de ser Deus. De querer ditar as regras do mundo.
Cada dia mais que passa e percebermos o mal que fazemos ao semelhante, a natureza, a todos que nós cercam.
Mas vamos lá. Vamos fazer o de sempre. Chega o último dia do ano, as pessoas se desesperam, se elouquecem, querem está de branco, querem renovar promessas, querem começar dietas, querem dizer que mudaram, que não vão mais ser bestas de entregar o coração a qualquer pessoa.
Poucas horas do fim de um ano que não existiu, que não nos marcou. Que não nos fez chorar, que apesar de tudo, nos alertou. Ou vivemos como humanos, ou morremos como bichos escrotos. É osso.