Sem voz
Quase sempre
Tenho pouco a dizer,
Minha voz é silenciada
Com certa frequência.
De mim é tirada,
Em sua tão jovem latência.
Enquanto a esperança é desmantelada,
Após isso se desvanece
O senso de liberdade
E também de inocência...
Ética e empatia estão manchadas
Pelas vozes que foram caladas,
E pelo sangue dos oprimidos.
E junto foram tantos gritos,
Aos poucos
Me sinto...
Com o peso de um
Palhaço triste,
Preparado pra um Show de circo.
Vivendo isolado,
Em memórias falsas
Que eu mesmo crio.
Estou com medo,
Não sei suportar
A brisa quente do deserto.
Minha solidão
Se torna meu carrasco,
Aquele que me mantém
Refém, sufocado e preso.
Sei bem qual
Será meu inferno.
Porém, não aguento o tormento.
Nada é eterno,
Será que isso vale
Pro meu julgamento?
Meu erro foi pensar muito,
Viver aos prantos.
Me escondo na chuva,
Sob a luz da Lua.
Se criasse novas memórias,
Talvez a paixão não perdesse o encanto.
Se fosse menos louco,
De repente não
Me sentisse morto.
E mesmo se tentasse
Um recomeço,
Seria inútil tal esforço.