Solidão tem voz
A solidão tem voz.
Não me refiro à solidão romântica
Dos apaixonados que se esqueceram.
Falo daquela que espreita
Entre as paredes dos meus pensamentos,
Que entre os vazios se faz presente,
Que se conforta na escuridão
Capaz de calar todos os arredores.
Falo daquela que te acompanha na rua
Que te prende em sua própria mente
Inclinando seus pensamentos à insanidade
Enquanto pesa em seu peito.
Cala minha voz
Aperta forte minha garganta
Se alegra com meu chorar...
Me sinto vítima, vulnerável
De peito escancarado e sem saída
Sem escolha, numa situação confusa
Quem te deixa passar?
É ela que por vezes entra assim em mim
Sem convite, quer ficar
E imóvel eu repito:
Por favor, se vá... se vá... se vá.
Essa solidão que grita
Que chama
Que chora
Que corre em minhas veias
E me faz sufocar,
Em cada segundo e a cada palpitar
Dilata minhas pupilas
E acelera minha respiração.
É ela, é ela
De novo e de novo
Espreitando...
Solidão.