O espelho
No fino e hediondo portal,
o dúbio eco de uma mulher
soa cardíaco aos meus ouvidos.
Teu timbre exala a degradação rouca,
A voz saí da caverna donde morrem as minhas ideias,
Lá no espaço das projeções.
A mulher definhou em meu espírito.
Ela infla e por vezes retrai.
Vejo-a descamar na falha fertilidade.
Seu esfacelamento evidencia a vida que não chegou.
A matéria que se desfez.
A mulher está dentro dessa lâmina que afunda e atravessa as vísceras,
Conforme forço as retinas para resgata-la,
o corte toca os confins intangíveis, ainda sim, não é capaz de romper nosso cordão umbilical enfermo,
esse que liga-me a mulher que amo em espasmos de ódio criativo.
Mulher, tua lírica me distorce
Teu amor é inalcançável
Fruto da rejeição narcísica.
Tu surgiu das minhas desavenças com esse meu crânio,
Caixa de pandora que faz eco da minha insuficiência.