VIDA
Hoje, parei para pensar na vida e em sua exímia finitude.
O que é a vida?
Não seria ela o palpitar continuo de um coração expandindo no peito o vigoroso ar de seus belos pulmões?
Ou, quem sabe, o circular frenético do sangue em suas perigosas curvas cerebrais?
Creio que tudo isso seja necessário para que haja vida, mas a sua essência não mora na lógica do existir.
A beleza da vida não se encontra em tê-la, mas em senti-la, em desvendá-la na excentricidade do ser, na leveza do olhar, na delicadeza do toque, na intimidade do sent(ir).
A vida é exuberante e minimalista.
É preciso alma para encontrá-la, é preciso essência pra vive-la, é preciso sagacidade para vê-la estampada no olhar de uma criança, desenhada no contorno do abraço de uma mãe, no aveludado da flor, que sem intenção, atrai para si o beijo do beija-flor.
Há vida em todo canto, sob o manto estendido no céu, umas se escondem na dor, outras em meio a risos, algumas em lágrimas, ou em casas feitas de amor.
Viver é tão vasto, tão saboroso, tão complexo, e ao mesmo tempo, tão simples e singelo.
Na sua intensidade só vive de verdade, quem da vida não se amedronta, mas com garra e coragem a encara, sem medo de sentir tudo o que a vida propõe a viver.
— Efêmera?
— Sim! Mas um sopro delicioso para quem sabe degustá-la.
05/02/2020