PERCORRO AS ESTRADAS
Percorro as estradas da noite
Caminho feito descalça
Onde um dia caminhei contigo
Pelos becos estreitos escuros
Onde me levaram a ti
Sorrisos que foram os meus e teus
Devaneios que vivi ou inventei
Sonhos que agonizam o corpo
Esquinas da noite, rosto triste
Nos muros que seguem todos os passos
Ternura inventada, esquecida e lembrada
Cansaço de horas, noites, instantes de silêncio
Do tempo de mim de ti de nada
Mãos e dedos nos gestos frios da carne
Esperas que entardecem
Noites que amanhecem
Feitas de espinhos que rasgam a pele
À beira do abismo
Emaranhado labirinto onde te procuro
Na noite e não te encontro
Amordaçam os meus gestos
Percorro os caminhos, os labirintos da solidão
Na noite fria, onde as vozes que gritam no silêncio
Afagam o meu corpo, caminho descalça
Onde tudo fere os meus passos.!