Paredes Douradas

As paredes são testemunhas de longos discursos
Uma platéia perfeita para minha loucura cotidiana
Elas não opinam, não divergem, não se manifestam
Ótimas companheiras de delírios em líricos versos
Quando rimo loucuras ricas elas não aplaudem
Mas o silêncio é a maior expressão da honesta opinião
São infinitos trajetos que transformo em palavras
Descrevo uma permanente viagem pelo desastre astral
Não sou acusada e nem acuada, tampouco currada
Há entre nós cinco um vínculo de diário da mediocridade
Entre nós, minha visão é a única totalmente compatível
Não vou negar que há uma química que rola e rola solta
Não vou negar, aprecio a platéia submissa ao meu labirinto
Não há pão de mel, que por caso eu detesto sem um bom motivo
Com minhas paredes eu me entendo e muito bem entendida!