MUNDANO

Livrai-me de hipócritas, materialistas, 
ditadores, autoritários – tiranos.
Livrai-me de imposição, opressão, 
olhos repreensivos – camuflados.
Livrai-me de marchas, fardas, farpas, 
correntes, porretes e cacetes.
Livrai-me de Judas Iscariotes, nazistas, 
fascistas, filhos da puta e da “pátria”.
Livrai-me de emboscadas, atormentações, 
sussurros malditos - escárnio veneno.
Livrai-me de ponteiros pulsantes, 
estátuas enfileiradas - paisagens estáticas. 
Livrai-me de almas envidraçadas.
Por mim, estilhaçai todas.

 
Dai-me o delírio, a vertigem, a loucura...
Meu o peito foi rasgado – meu ventre dilacerado.
Devolvei-me o que foi roubado, 
tirado, arrancado - extirpado.
Devolvei a minha face, o meu rosto; 
não este espancado – marcado!
Devolvei a minha face ingênua - pura.
Devolvei o meu peito sagrado.
Não quero este - não estancado! 

Fazei que escute-me o “surdo”, 
veja-me o “cego” – 
toque-me o insensível.

Atirai aos ventos gritos insaciáveis:

Libertai-me de déspotas.
Libertai-me desta máscara 
cravada em mim, que acato para mim!
Libertai-me de mim!


                        Audrei Marsan
                         Junho, 2010

 
AUDREI MARSAN
Enviado por AUDREI MARSAN em 30/08/2020
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