O POETA E O POLÍTICO
Para Edinho Silva e J. Eduardo Caginin
O discurso do político
É do tipo poder fazer crer
E do poeta? Saberá quem não é anacoreta?
Dizem que o poeta
Nos faz querer o gosto
Mas é desgostoso não ver o rosto
Quando o poema nos tocou
O político em seus disfarces
Não quer o poeta tão moço
Prefere alguém mais velho
Talvez quem se pareça mais respeitoso
Cabe ao político
Se perguntar sem exitar
Pra se crer não tem que gostar?
E o que adianta a construção
De pontes se não tem o poeta
Pra debruçar seu olhar?
E decifrar que a beleza
Dessa ponte vai além do horizonte
E na tarde de um domingo
Está nela o menino com o coração aflito
Sem saber se ela vai chegar
Porém uma coisa é certa
O político e o poeta
Gostam de passar na ponte
Um de automóvel o outro de bicicleta
E enquanto todo mundo diz
Que a vida do político não é austera
Vem ele na bicicleta
Afinal era ele o poeta
Era ele o aprendiz
E enquanto todo mundo diz
Que o poeta vive na ilusão
Vem ele empurrando um carrinho de mão
Preparando para construir uma nova ponte