SER POETA

Voz que te fala, cala,

Cala e é silêncio,

Desejo que corroe o peito,

Derrete-se e faz-se urro.

Silêncio inevitável da mentira, o esboço,

É palco,

É picadeiro,

É quimera: gotas de humor segregado...

Quase sorriso.

Sou poeta,

Canto o desencanto,

No canto de meu canto,

Pelo palco do canto da solidão.

Sou poeta,

Meu riso é chave, é porta, é janela,

É trinco que se trinca e trinca,

Trinca ânsia, trinca fala, trinca tudo, trinca.

Ser poeta,

É ser riso que disfarça dores,

Sem, dos olhos, não poder esconder

A dor que se faz sentir.

Ser poeta é viver encobrindo olhares,

Disjungindo palavras pelo tom da poesia,

E, com os olhos, escrever a beleza do silêncio de saber sofrer.

Vida de poeta,

É voz que se põe em métricas,

É silêncio que corroe o peito,

Dissolve-se na boca,

Faz-se dor parturiente

Na voz de todas as palavras que ainda não existem...

C.J.Maciel

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Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 22/10/2007
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