SER POETA
Voz que te fala, cala,
Cala e é silêncio,
Desejo que corroe o peito,
Derrete-se e faz-se urro.
Silêncio inevitável da mentira, o esboço,
É palco,
É picadeiro,
É quimera: gotas de humor segregado...
Quase sorriso.
Sou poeta,
Canto o desencanto,
No canto de meu canto,
Pelo palco do canto da solidão.
Sou poeta,
Meu riso é chave, é porta, é janela,
É trinco que se trinca e trinca,
Trinca ânsia, trinca fala, trinca tudo, trinca.
Ser poeta,
É ser riso que disfarça dores,
Sem, dos olhos, não poder esconder
A dor que se faz sentir.
Ser poeta é viver encobrindo olhares,
Disjungindo palavras pelo tom da poesia,
E, com os olhos, escrever a beleza do silêncio de saber sofrer.
Vida de poeta,
É voz que se põe em métricas,
É silêncio que corroe o peito,
Dissolve-se na boca,
Faz-se dor parturiente
Na voz de todas as palavras que ainda não existem...
C.J.Maciel
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