BOIS EM MOINHO DE ÓLEO

Nasci e nasço

Passo a passo

E assim nascendo,

Vou morrendo

E morro e nasço

E corro e faço.

Antes e depois

Esquecidos.

Dissoluções.

Disso lições,

Sou um em dois

Entretidos.

Há selos e celas.

Há silos,

Murilos e Marcelas

Na sala...

Oscilo

E vibro,

Sou livro

E grilo.

Um dia nasci,

Continuo nascendo

E renasço,

Passo a passo,

Mas à morte corro,

Que percorro morros.

Legou-se-me matéria,

Lutas fora e internas,

Coração, veias, artéria,

Desde o tempo em cavernas.

Tantas conclusões antecipadas!

Correntes que me atrelam à parede

Da esfera que sempre gira

E não se chega a nada.

Como peixe pego em rede,

Apenas rodo e sou espera.

Feito bois em moinho de óleo,

O mesmo livro sempre desfolho.

Ficar no passado soa seguro...

Uma impossibilidade de futuro...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 05/08/2020
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